domingo, 24 de novembro de 2013

O corpo

O corpo
De cada qual, o quinhão no mundo.
A única coisa que se traz na chegada,
E se deixa na partida.
Do ponto de vista, é o ponto;
Substrato de todo ser.
Ao mesmo tempo que comunica,
Isola, separa - é muro,
Que entre o eu e o mundo se levanta.
O que veem estes olhos,
Que a terra um dia há de comer,
Ninguém nunca poderá ver.
E se alguma vez é dado saber de si,
Dificilmente, do outro,
Se sabe alguma coisa com certeza.
Alguém uma vez disse,
Que cada um sabe a dor e a delícia,
De ser quem se é.
Mas quão triste não é,
Não se fazer entender;
E não conseguir sentir,
Na pele, a dor e a delícia alheia.
Eu queria rasgar este corpo,
Me dissolver no outro,
Sentir com a sua mão,
Ver com os seus olhos,
E beijar com a sua boca.
Ser contigo, ser com todos,
Sem corpo, um só.

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