quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Lágrima

Ó, inelutável lágrima!
Borbota da fronte
Vinda das funduras da alma
Brota como uma fonte
De águas claras e calmas
Rola pelos vales e montes
Do rosto, a água salobra
Carreando a dor para longe
Indo desaguar na boca
Que até a última gota
Do mar consome

Ó, irreprimível lágrima!
Às vezes intempestiva
És como uma avalanche
Que aos borbotões se precipita
Outras, és doce e branda
Como rio de águas mansas
Brincando com os vincos da pele
Qual alegre criança

Ó, inevitável lágrima!
Que nas pálpebras se equilibra
Indecisa se ao abismo se atira
Ou se se recolhe, tímida
Para o âmago de onde saíra

Vai, lágrima
Escorra
Pelo rosto
Se lhe compraz
Deixa, na boca
O salso gosto
Que me é contumaz
Vai, lágrima
Corra
Vence o desgosto
Como só tu é capaz
Lava a alma
Redobra a fé de novo
E meu coração preencha de paz

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