quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A mãe abandona(da)

Por medo de ser dispensada
Do emprego tão necessitada
A mãe abandona a cria
Recém-nascida
Ao relento da calçada
Desesperada
A mulher grávida
Pariu
Solitária
No quartinho de empregada
Mais uma herdeira da senzala
Mas a patroa
Diz que não viu nada
Pudera
Nove meses e a mulher
Ainda trabalhava
O pai onde estava?
Abortou
Nem bem o óvulo fecundara
Mas só a mulher será culpada
Pela justiça dos homens
Condenada
A criança, coitada
Pelas injustiças do mundo
É quem paga