quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Amor inventado

Eu e o Cazuza
Adoramos um amor inventado
E não é, precisamente
O amor uma invenção
Uma invencionice
Da cabeça
E do coração?
Não é o amor
A mentira mais honesta
E a verdade menos sincera
Que existe?
Porque o amor não é coisa dada
Um fato que acontece
Que nasce e cresce
Independentemente
Da vontade
É coisa criada
Imaginada
É a autopoeise
Da alma
Que acha
Que finge
Que gosta
Doutra
A tal da cara-metade
E haja metades
Pra tanta metade
Em falta
É casa construída na areia
Tão bela e tão frágil
É traquinice
De criança travessa
Que se perdoa fácil
Com um puxão de orelha, não
Com um beijo na bochecha
De condescendência
E “vá brincar novamente, sua pentelha”
É a mentira mais verdadeira
E a verdade mais mentirosa
Que a gente pode inventar
Ao longo duma vida inteira
Gostosa de mentir
E boa de acreditar
A gente se engana
E se ilude por querer
Querendo
De boa fé
E não há motivo
Por mais que doa de dor
Pra se arrepender
Quem nos dera
Todas as mentiras do mundo
Fossem tão verdadeiras
Quanto mentiras de amor

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