terça-feira, 27 de agosto de 2013

Rugas

O rosto de couro vincado
Diz muito d’alguém
É como mapa do tesouro
Indicando os passos vacilantes
Sentido ao “x” da vida
Que todo viandante
Necessariamente trilha

O semblante de pele sulcada
É como um pergaminho
Onde a pena do tempo vinca
As tortas linhas de seus descaminhos

Podem ser efeitos de muitos sorrisos
Porque nem toda ruga é de preocupação
Ou podem ser da lida no sol a pino
As marcas da humana servidão

Podem ser simples sinais da idade
Que não avisa nem pede permissão
E que muita gente por fútil vaidade
Tenta esconder como a um borrão

Não se deve ter vergonha
Dessas cicatrizes que o viver imprime
Ao contrário, deve-se ter-lhes honra
Pois são como assinaturas únicas
Escritas na face e na carne
Assinaturas que dão o som
O timbre, o ritmo e a harmonia
Da música pessoal de cada um
Como um vinil a tocar a nossa vida

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