sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Viandante

Fazer tudo,
não por inteiro,
mas pra dar em nada.

Deixar as coisas
pelo meio,
e não retomá-las.

Ser eterno começo,
eterno recomeçar,
sem chegada.

Apenas caminhar,
pelo prazer de
caminhar.

Estar aqui hoje,
e amanhã
noutro lugar
qualquer.

Fazer isso agora,
aquilo depois,
mas nada completar.

Andar por andar,
sem objetivo,
sem sentido,
sem nada almejar.

Nem ser,
nem estar:
apenas passar.

E, quando morrer,
como não houvesse existido,
por nada serei lembrado.

Serei simplesmente engolido,
cancelado,
suprimido
nas dunas do tempo passado.

Assim me regozijo,
assim me satisfaço.

Essa será a obra
– inacabada,
desnecessária,
irrelevante –
da minha vida,
como outras tantas
histórias esquecidas
foram um dia.

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