quarta-feira, 16 de julho de 2014

Da poesia, só sei da minha

Se me entristeço
Ou se só me sinto
Eu digo
Sem rodeios
Se me indigno
Se sinto ódio
Eu grito
Me revolto
Levanto o punho
Rijo, para cima
É assim minha poesia
Falo de sentimento
Falo do humano
Alegorizo minha vivência
Represento o mundo
Pleno de beleza e violência
Canto a vida
Eis aí minha poesia
Nela não encontrarás
Verdades absolutas
O hino do futuro
O sentido do caminho
Não ofereço respostas
Nem perguntas
Isso é irracionalismo?
Recuso rótulos
Apenas abro o peito
Ofereço minha alma
Traduzo o que vejo
Escrevo o que crio
E fantasio
Sem fé nas certezas
Sem temor das dúvidas
Sem aspiração
Sem premissas
Não é poesia revolucionária
Não perfila um lado
Não busca o essencial
A ideia universal
É efêmera
Contingencial
É apenas um olhar
De uma alma
Entre sete bilhões de outras
Que verte em palavras
Sai do corpo
E encontra o papel
Virtual
E se tu a lês
É porque a tecnologia de hoje
Possibilita
Não fosse isso
Estaria mofando numa gaveta
Esquecida
Na areia do tempo soterrada
Do jeito que tem de ser
Se tu não entendes
Não há nada para entender
Mas se algum valor há nela
Então, me diz você

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