segunda-feira, 11 de junho de 2012

O negócio dos homens

Estamos desesperados por carinho,
Carentes de contato.
O mundo se tornou frio, hirto e plastificado.
Substituímos pessoas por coisas,
E a companhia é agora algo que se pode comprar.
Enquanto alguns vivem sós,
Ainda que mergulhados na multidão,
Outros vivem plenos,
E estão enterrados até o peito na solidão.
Os caminhos se fizeram concreto.
Os amores se mostraram hedonistas,
E a solidariedade, antes abnegada,
Agora é egoísta.
E ninguém enxerga: estamos embriagados.
É natural que humanizemos.
E humanizamos cães, eletrodomésticos, bonecas de pano.
Humanizamos tudo para nos sentirmos humanos.
Talvez negociemos amizades na bolsa.
Talvez se possa investir em amores.
Talvez, na França, investidores especulem com teus dissabores.
Quando se trata de valores, não há limites.
Não há nada que não possam cotar como commodities.
Assim, enquanto vorazes mercadores,
Substituímos fraternidade por retorno líquido e certo.
Sociabilizar é mera questão de contabilidade.
A família deve ser rentável,
E retornável, em caso de defeito.
Capitalizaste o sonho,
Fizeste do sentimento um ativo.
No teu peito bate um relógio.
E teu coração, amigo,
Vendeste num lucrativo negócio.

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