sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Instrospecção

Escrever como Fernando Pessoa
Falar de mim, jamais dos outros
Conjurar meus anjos e demônios
Desnudar-me em sentimentos a alma
Mergulhar no profundo sem fim do Eu
No mais íntimo do ser
E me descobrir assim
Pela metade e inteiro
Faltando e completo
Um quebra-cabeça que não se encaixa
Enfim, poema sem métrica, verso sem rima
Canto sem harmonia, dança sem ritmo
Ora, tal qual a vida mesmo
Como Pessoa, falar de mim
Não porque interessa
Não porque importa
Mas porque dentro de mim estou
Falar do que fui, do que nunca serei
Mas também falar do que sou
Que sou eu senão a soma de meus sonhos?
Sonhos que me trouxeram até aqui
E aqui me abandonaram
Ou que eu abandonei
Sonhos que me deram força de início
E me fizeram fraco no fim
Sonhos que me deram sentido
Sem sonhos eu não existo
Mas meus sonhos só por mim existem
Nisso não difiro de ninguém
A vida é essa mistura inconsistente
Sonhos, amores, ódios, planos, promessas
Escrevem histórias, destinos e lembranças
No fundo, somos todos muito parecidos
Mas as diferentes misturas desses ingredientes
Fazem cada um de nós seres único

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