sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A locomotiva

É locomotiva a vida que passa
Traçada sobre longo trilho
Que a neblina esconde o sentido
Ora pesada, ela vagarosa se arrasta
Ora lépida, ligeira o caminho perpassa
Por sobre pontes, pradarias e pastos
A cada estação faz-se breve parada
Entre beijos e abraços
Uns desembarcam e se perdem na multidão
Vão sorridentes ou calados
Enquanto outros, em ritmo de viagem
Tomam o trem em direção a novas paragens
Onde, perto ou longe não se sabe
Encontrar-se-ão fortunas ou desditas
E lá se vai o trem novamente
Acenando a quem fica
“Mande cumprimentos e notícias!”
Ah, assim é a vida
Se é que me permistes a metáfora
Uma malha férrea a perder de vista
Entretecida de tristezas e alegrias
Encontros e despedidas
Resfolega a vagão das máquinas
Apita o apito da partida
“Todos abordo” um funcionário grita
Quem for ficar, fica
Quem for apear, apeie-se
Não sou eu o maquinista
Nem os passageiros
Nem aqueles alcunhados “surfistas”
Eu sou a própria locomotiva.

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