Não sei se escrevo ou sumo,
Corro para além do mundo
Se risco o chão duro,
É com pontapés e murros.
Faz-se tão-somente premente
Livrar os males da mente,
Não vejo nada mais a minha frente,
O mundo perde importância de repente.
Ah! Mundo doente! Ensina-me a ser sorridente!
Ademais, teria outro ensejo a escrever,
Porquanto tudo que vejo me faz sofrer?
As palavras não são compartilhadas,
Jamais ensaiadas e propagadas.
São minhas e delas tiro solitárias gargalhadas.
Porque haja sido da vida comum degredadas?
Longe do costumeiro, ora, vida minha não tem eixo
Caminho de defeitos, palmilhados sem jeito
Deu-se então a escrita sem razão,
Livrai-me, pois, dos males do coração!
Concluo: escrevo e sumo, pois tal é a sina
Em que se vê imiscuída a finalidade da escrita,
Pra então reorganizar o mundo a minha medida.
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